quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A CAIXA FALANTE

Como sei que não vou publicar os textos que escrevi durante a faculdade, achei melhor pelo menos posta-los aqui para que não se percam, já que muitos deles já se foram...

A CAIXA FALANTE

CENA 1 – EXTERIOR/NOITE – RUAS

A lua está cheia no velho continente, em suas casas pessoas são exibidas em cenas de cotidiano, até que em um cruzamento muito movimentado, uma tampa de bueiro é mostrada.

CENA 2 – INTERIOR/NOITE – Galeria de esgoto

Através das tubulações dos esgotos chega-se a uma galeria de esgotos pluviais sob a cidade onde encontra-se Van Edward Mirlion, possuidor de duas caudas sobrepostas que se erguem de um suposto dorso. Ambas possuem o mesmo tamanho e a peculiaridade de estarem sempre em movimento, de forma espelhada e inversa. Edward possui toda a pele de cor roxa, interrompida apenas por um único fio de pelo, atrás do joelho esquerdo. Joelho este que divide espaço com mais dois, formando um trio, três pernas postas sob um único tronco, sem braços ou pescoço, apenas um globo ocular, posicionado no topo.

Ele observa um amontoado de ratos que entram e saem de sua galeria deixando objetos e restos de comida em um monte, formado no centro da galeria.

Edward saltita sobre o amontoado de objetos observando alguns, e cutucando outros. Neste momento um celular começa a tocar de forma estridente e ecoa nas paredes da galeria, Eduard salta em busca da origem do som, e encontra o objeto sobre um televisor, ao pe da montanha de entulhos piscando e vibrando insistentemente. Ele salta para próximo do aparelho e observa até que toma coragem e toca o objeto com uma de suas pernas. O celular imediatamente para de tocar e um silencio paira no ar, até que uma voz surge.

        VOZ

        (off no celular)

        … E aí cara, o que tu ta fazendo? Tu não disse que ia me ligar?

Eduard olha ao redor e faz sinal de negativo com a parte superior do tronco.

        VOZ

        (off no celular)

        E ae?

        Não vai dizer nada?

        Edward

        (Som de grunhido baixo)

        Brrrrrr...

        VOZ

        (off no celular)

        Alo?

        Para com isso cara!

E o objeto fica totalmente mudo.

Eduard caminha ao redor do aparelho de televisão enquanto observa o aparelho que agora esta imóvel e mudo. Ele aproxima-se vagarosamente do celular até chegar a centímetros deste, olha para os lados e cutuca o celular. Nada ocorre. Tenta novamente e o objeto começa a produzir sons de discagem e em seguida.

        VOZ

        (off no celular)

        E ae cara, resolveu falar agora?

        Já tamo quase entrando, bem na frente da fila, o Pablo ta vendo se te acha, onde tu ta?

Edward olha ao redor...

        VOZ

        (off no celular)

        Pô cara, para com essa galinhagem!

        (som de bateria descarregando)

        Oh! O Pablo disse que te viu!

Edward fica assustado, corre e esconde-se atrás de caixas.

        VOZ

        (off no celular)

        Ah! Te vi também!

Mais assustado ele olha ao redor, e corre para trás de um sofá.

(Som de bateria descarregando)

        VOZ

        (off no celular)

      -Ué, mas tu não ta no celular!

        (Som de bateria descarregando)

      -Quem ta aí então?

      (Som de bateria descarregando)

      -Alo?

O celular desliga e Edward cai para trás ofegante, enxergando através de uma tubulação a lua...